sexta-feira, 27 de novembro de 2015

"Lira itabirana", de Carlos Drummond de Andrade

I
O Rio? É doce.
A Vale? Amarga.
Ai, antes fosse
Mais leve a carga.

II
Entre estatais
E multinacionais,
Quantos ais!

III
A dívida interna.
A dívida externa
A dívida eterna.

IV
Quantas toneladas exportamos
De ferro?
Quantas lágrimas disfarçamos
Sem berro?

("Lira Itabirana", Drummond, 1984)

E no meio dessa tragédia ambiental, a lira itabirana de 1984 do Drummond surge com um tom quase profético. O rio Doce amargou em terras onde a ambição fala mais alto do que qualquer outra coisa... 😢😞




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